Mosteiro de Santa Maria de Almoster
O Mosteiro de Santa Maria de Almoster foi fundado por iniciativa de D. Berengária Aires, dama da corte da Rainha D. Isabel, em cumprimento do desejo testamental de sua mãe, D. Sancha Pires (t 1287) em fazer erigir em Almoster um mosteiro de monjas cistercienses.
Embora tenha recebido licença papal de Nicolau IV desde 1289, a intenção de edificar o novo mosteiro motivou uma resistência inicial dos bispos de Lisboa, apenas sanada em 1296 por D. João de Soalhães com quem Dona Berengária mantinha relações privilegiadas.
Para a conclusão das obras após a morte da patrona, em 1310, muito contribuiu também o apoio e a protecção de D. Dinis e sobretudo o empenho pessoal de sua mulher, a Rainha Isabel de Aragão, cujas expensas foi mandado edificar o claustro, a enfermaria e outras casas e obras. A Rainha Santa materializou ainda a sua protecção ao mosteiro deixando-lhe em testamento cerca de mil libras.
A comunidade religiosa tinha grande influência em Almoster, localidade a quem D. Dinis concederia carta de couto em 1 de Maio de 1298. O poder das monjas era visível na apresentação do alcaide, em cobranças de dízimos e no recebimento de um foro de uma galinha por habitação erguida no couto.
Com a conclusão das casas conventuais, cerca do ano de 1300, o edifício recebeu as primeiras nove religiosas, cujo noviciado tinha sido feito no mosteiro cisterciense de Celas, em Coimbra. Entre elas encontrava-se a primeira abadessa de Almoster, D. Maria Gonçalves. Mais tarde também aqui professou D. Violante Gomes (t 16/07/1568), mãe de D. António, Prior do Crato. A sua lápide é uma das que podem ver-se no claustro.
O conjunto edificado compõe-se pela igreja, os dormitórios (em ruínas), o antigo refeitório e a sala do capítulo, dispostos em torno do claustro, do qual só restam dois lanços e a fonte da crasta, datada de 1625. No pavimento da sala do capítulo encontram-se várias lajes tumulares de abadessas, e por cima dos bancos é visível um silhar de azulejos setecentistas.
A igreja, que segue a tipologia do gótico mendicante, é composta interiormente por três naves de cinco tramos de arcos ogivais, separadas por pilares com pilastas adossadas, decoradas com capitéis de feição vegetalista. A capela-mor, na qual é visível a lápide de Gil Eanes da Costa e de sua mulher, apresenta volumes escalonados, sendo coberta por abóbada de cruzaria de ogivas.
O espaço interno do templo encontra-se dividido pela construção de um coro baixo maneirista, que separava a zona das religiosas da parte destinada aos leigos.
O mosteiro foi alvo de diversas campanhas de obras que alteraram a austeridade do primitivo edifício cisterciense. Destas campanhas destacamos, no século XVII, os painéis de azulejaria – com azulejos de padrão e de tapete – os revestimentos dos retábulos e de nichos com talha dourada barroca. Já no século XVIII a igreja foi enriquecida com ornatos de alvenaria e com arranjos nas absides. Do seu património móvel destacamos a escultura gótica da centúria de Trezentos representando Cristo na Cruz, única no país.
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, o mosteiro foi progressivamente votado ao abandono, tendo sido efectuadas pela DGEMN algumas obras de conservação e restauro entre os anos de 1950 e 1980 segundo critérios de restauro da época. Entre 2001 e 2006 o IPPAR, através do seu programa de recuperação dos conjuntos monásticos, empreendeu uma vasta operação de restauro do seu património integrado (conjunto de retábulos, azulejos, vitrais, esculturas, pintura mural, sinos de bronze, etc.) e do património móvel (litúrgico, paramentaria).
Classificação Monumento Nacional: 1920-05-27
Monumento da tutela da Diocese de Santarém