Esta varanda coberta, ao modo de alpendre, e delicadamente lavrada, encontra-se integrada num espaço solarengo de meados do século XVI (CUSTÓDIO, 1996, p. 93), construção já muito alterada. Da estrutura quinhentista resta apenas a cantaria lavrada do parapeito, constando de dois resguardos em ângulo que definem as duas faces da varanda, uma delas voltada para a rua e a outra deitando sobre um pátio interior. As lajes assentam sobre uma base curiosa, semelhante a uma pilastra na horizontal, onde corre uma decoração de “candelabros” distinta dos grotescos e ornamentação vegetalista dos restantes elementos. O conjunto é rematado por uma cornija de molduração simples. As lajes de pedra do parapeito são esculpidas com finos motivos de grutesco, representando figurinhas, temas fantásticos, e enrolamentos vegetalistas. O resultado final não é muito convincente, dando a impressão de se tratar de montagem de elementos de origens diversas. Para além das diferenças entre a ornamentação dos painéis principais e a base, ou ainda entre estes e o friso de remate do muro contíguo, note-se a existência de uma estrutura de varanda (sem parapeito, apenas as colunas e cornija) igualmente quinhentista, ornamentada com grotescos de boa qualidade, no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, vinda desta rua scalabitana; terão existido, nesta rua nobre, várias varandas semelhantes, cujos restos hoje não têm leitura aparente, mas foram provavelmente reaproveitados.