De toda a riqueza patrimonial de Santarém, originária em épocas e em estilos distintos, a cidade detém um importantíssimo espólio do período Gótico, tanto em termos arquitetónicos, como em exemplares de tumulária, o que justificou o epíteto de “capital do Gótico”.
Igreja de Stª. Clara: Construída em meados do séc. XIII é um exemplar característico do gótico mendicante, sobressaindo os oito tramos marcados pelas altas colunas e capitéis lavrados. A iluminação é feita através de uma rosácea e por múltiplas frestas e janelas. O encerramento e demolição do edifício conventual ocorreram em início do séc. XX, tendo sido apenas poupada a igreja. O único exemplar da tumulária gótica que aqui permanece pertence a uma filha natural de D. Afonso III, Leonor Afonso, que aqui professou e veio a falecer. Junto a este encontra-se a nova arca tumular de D. Leonor Afonso, trabalho do séc. XVII, onde repousam hoje os seus despojos.
Chafariz (Fonte) das Figueiras: Este monumento é um interessante e raro exemplar da arquitetura civil gótica do séc. XIV. Compõe-se de uma estrutura em alpendre com arcos ogivais e ameada na parte superior. O interior possui uma bica com um pequeno tanque sob o referido alpendre e, ao lado, um tanque maior, provavelmente posterior e usado para outros fins (tais como bebedouro de animais e lavagem de roupa). Destacam-se, ainda, o brasão real e o do concelho, valorizando a ligação entre os poderes centrais e locais.
Convento de S. Francisco: Iniciado cerca de 1242 em estilo gótico mendicante, o edifício sofreu várias alterações e acrescentos ao longo dos séculos, nomeadamente outras campanhas em estilo gótico, com destaque para o Coro Alto mandado construir pelo Rei D. Fernando (séc. XIV), uma magnífica manifestação da arte gótica do País, pelos curtos pilares cruciformes, pelas finas e longas nervuras e pelos artísticos capitéis com representação de temática vegetalista, religiosa e até uma representação de uma fábula de Esopo. O complexo conventual chegou a dispor de dois claustros, três dormitórios, um refeitório e uma biblioteca. Danificado pelo terramoto de 1755, pelas invasões francesas, pela guerra civil de 1832-34 e pela ocupação militar, o convento reabriu as suas portas em 2009, após trabalhos de intervenção no seu interior.
Igreja de Nª. Srª. da Graça: Edificada nos séculos XIV/XV é porventura o mais belo exemplar do gótico em Santarém. Pelo facto de a construção ter sido demorada podem ser observados dois períodos distintos: o gótico mendicante, marcado pela planta e pela simplicidade decorativa do interior, e a influência do gótico flamejante do Mosteiro da Batalha, evidente na fachada onde sobressaem o pórtico e a singular rosácea. Na decoração da igreja destacam-se os capitéis vegetalistas. Conserva no seu interior importantes túmulos, nomeadamente o de Pedro Álvares Cabral (descobridor do Brasil) que jaz em campa rasa. A joia tumular é, no entanto, o artístico sarcófago de D. Pedro de Meneses (1º governador de Ceuta), falecido em 1437.
Igreja de S. João de Alporão / Núcleo Museológico de Arte e Arqueologia:Igreja de S. João de Alporão / Núcleo Museológico de Arte e Arqueologia: Construída nos séculos XII/XIII, esta igreja integra-se num período de transição entre o românico e o gótico. É no interior que a segunda campanha é mais evidente, sobretudo na zona da capela-mor. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o templo foi adaptado às funções de teatro, entre 1849-76. Em 1876 foi concedido para Museu Distrital, sofrendo obras de conservação e restauro. O seu acervo patrimonial consiste sobretudo em túmulos, provenientes dos extintos mosteiros da cidade. Destaca-se o túmulo (na verdade um cenotáfio pois apenas guarda um dente) de D. Duarte de Meneses, que morreu em África, em 1464, defendendo a retirada de D Afonso V. Trata-se de um magnífico exemplar da arte gótica.
Visita Opcional da Igreja de Santa Cruz (Ribeira de Santarém), edificada em meados do séc. XIII em estilo gótico, não obstante incluir elementos de outras correntes arquitetónicas.